Relembrar o passado pode mudar o presente
Ao ler a palavra nostalgia, qual é a primeira lembrança que vem à sua cabeça? Ela te deixa feliz ou triste?
Possivelmente essa memória faz você transitar entre esses dois sentimentos, pois costumamos ter nostalgia com passagens boas, mas como elas ficaram no passado, temos uma sensação melancólica de que aquele momento não vai mais voltar.
De fato, o momento não volta. Entretanto, o que sentimos tende a aparecer com frequência e pode influenciar em nossas decisões do presente. Pois é, a nostalgia pode ser mais importante do que imaginamos em nossas jornadas de autoconhecimento, então que tal entendermos mais sobre essa sensação?
De acordo com o dicionário, a palavra nostalgia está relacionada com a tristeza e a saudade de experiências vividas no passado, conforme falamos no início do texto. É um sentimento provocado, portanto, a partir das memórias. Contudo, pode ser bem mais do que isso.
Krystine Batcho, PhD especialista em nostalgia, conceitua o termo de uma forma mais ampla e necessária.
“A reminiscência nostálgica é mais do que apenas lembrar. É a lembrança que encontra sentido no que vivemos, em quem fomos, em quem nos tornamos e em quem podemos ser”
Ou seja, nós somos resultados de quem fomos e do que vivemos no passado. Lembrar de determinadas situações que nos marcaram é um processo natural que pode ser importante para definirmos caminhos futuros.
E aprendemos isso desde cedo através do cinema!
Lembra do filme O Rei Leão?
Após passar por momentos bons e ruins, Simba resolve retornar para sua terra de origem, e isso acontece após o macaco Rafiki falar uma das frases mais marcantes da história:
“O passado pode machucar, mas você pode fugir dele ou aprender com ele”
Simba sentia nostalgia da infância, especialmente por conta da relação que tinha com o pai. Isso fez com que ele enxergasse a sua importância para o reino e retornasse para destronar o vilão Scar. Pois é, a nostalgia pode despertar sentimentos confusos e melancólicos, mas pode nos motivar a mudar cenários insatisfatórios e pode ter influência até na forma como lidamos com os problemas da rotina (e da mente).
Um estudo de 2015 do MIT fez análises comportamentais focadas nas memórias de ratos. Os animais demonstraram uma reação de extrema felicidade envolvendo lembranças positivas. A partir disso e de outras consequências da pesquisa, concluíram que lembrar de situações alegres do passado pode nos ajudar a conviver com momentos estressantes do presente.
Hal McDonald, professor de literatura na Mars Hill University, ainda foi além. O PhD relacionou os resultados com uma obra literária de Jonathan Carroll e concluiu que “a nostalgia pode ser muito valiosa do ponto de vista terapêutico para tratar e prevenir a depressão”.
Para completar, a nostalgia está diretamente relacionada com imaginação e criatividade.
No segundo vídeo da série “Primeira Infância” , do Canal MOVA, o pesquisador Gandhy Piorski cita uma frase famosa do professor de Mitologia Gilbert Durand para falar sobre a relação entre Nostalgia e Imaginação:
“Toda memória de infância é uma nostalgia do ser”
A citação é curta, mas extremamente profunda.
Durante a infância, vivemos o ápice da imaginação, pois acreditamos muito mais em mitos e universos fantásticos. Ao mesmo tempo, ainda não temos pleno conhecimento das negatividade e repressões criativas existentes no mundo, tanto que muitos estudiosos de criatividade estimulam o convívio de adultos com crianças para aumentar a criatividade.
Universos são criados, sentidos são explorados e conceitos de empatia existem durante a arte do brincar, então é natural lembrarmos dessas brincadeiras com um sentimento nostálgico, afinal estamos lembrando da nossa forma humana mais natural e menos influenciada.
Recordamos de um ser muito mais bondoso, puro e até mesmo mais criativo. Por isso é nostálgico. Sentimos alegria ao lembrar de tudo aquilo, ao mesmo tempo que sentimos uma melancolia por sabermos que aquele tempo e aquele ser, daquele jeito, não vai mais voltar.
Todavia, ele pode influenciar as atitudes do ser que você se tornou e também daquele que vai se tornar.
Pensando nisso, tente responder: quais nostalgias você quer sentir no futuro?
Comece a criá-las agora!

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